O ataque de Israel contra o Irã nessa quinta-feira (12 de junho), sob a justificativa de impedir que Teerã tenha sucesso ao adquirir bomba atômica, levantou indagações sobre o potencial nuclear de nações ao redor do mundo, assim como as consequências previstas nesse cenário. Especialistas avaliam que o conflito regional pode ter sérios impactos mundiais, que vão desde repercussões econômicas até uma guerra de grande proporções.

Nesse cenário de manutenção de armas nucleares, a Rússia lidera a lista de maior arsenal: entre ogivas, implantadas, em reserva/não implantadas e em estoque militar, o país soma um total de 5.449. Os Estados Unidos vêm logo após, com 5.277.  Em seguida, estão China  (600), França (290), Reino Unido (225), Índia (180), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50).

Conforme Vladimir Feijó, professor de Relações Internacionais da UniArnaldo Centro Universitário, historicamente se provou que as armas de destruição em massa são uma ferramenta de intimidação, cujo objetivo seria que os países provassem que são capazes de causar grande destruição. Porém, essa corrida armamentista que seria para desestimular que ataques aconteçam, na verdade, tornam o mundo mais perigoso.

“Após esse recente ataque, o Irã pode acelerar o processo de ter bombas. Além disso, se a China e a Rússia se envolverem para defenderem o Irã, o mundo inteiro entrará em perigo de uma guerra generalizada. O Irã é estratégico para esses dois países no que diz respeito ao comércio internacional e, por isso, precisa de estabilidade. Rússia e China podem fornecer armamentos para o Irã, e se Israel e Estados Unidos começaram a destruir as armas desses países, a situação se agrava ainda mais”, explica Feijó.

No caso de uma guerra nuclear na região, Feijó afirma que é difícil mensurar o que pode acontecer sem saber, de fato, o que será utilizado para destruição. Se for algum material radioativo, cujos efeitos se espalham por décadas, as consequências, além das milhões de mortes, serão várias. “O comércio internacional seria interrompido por risco de contaminação, o que exigiria uma mudança logística internacional. Aquela é uma área logisticamente muito importante, com o canal de Suez bem próximo de Israel, o que interfere no comércio com Europa e Ásia. Irã faz fronteira com Arábia Saudita e tem toda a questão logística do petróleo”, avalia.

Com isso, afirma ele, haveria a necessidade de novas rotas e aumento dos custos, com consequências econômicas inclusive para o Brasil. O país também perderia mercado consumidor, principalmente para produtos agropecuários e carnes.

Doutora em Direito Público com ênfase em Direito Internacional dos Direitos Humanos e professora da Estácio Belo Horizonte, Carolina Montolli afirma que os riscos de conflito global aumentam à medida que os focos de tensão se intensificam. De acordo com ela, a partir desse ataque regional, a acumulação de armas nucleares pode aumentar, tornando o cenário internacional mais perigoso.

“Um país se sente impelido a responder o outro, e a tensão aumenta. O uso dessas armas, mesmo em menor escala, pode desencadear uma guerra nuclear, que pode ser justificada devido às ameaças e discursos de guerra”, afirma ela.

A presença dos Estados Unidos que, conforme ela destaca, tem um discurso não pela paz, mas pela manutenção do poder, também aumenta a instabilidade. “Se tem um país não pacificador envolvido, ele vai coibir o desenvolvimento de potências armamentistas, resultando na possibilidade de desintegração da ordem internacional”, afirma.

Se a situação escalar, destaca ela, o mundo poderá enfrentar uma destruição sem precedentes, com devastação de cidades, colapso econômico e agravamento das crises. “Essa terceira guerra mundial pode acontecer devido ao aumento das tensões e à crescente pressão militar. Os principais países que estariam envolvidos seriam Estados Unidos, China, Rússia, Irã e Israel, uma vez que funcionam como difusores dessa situação de crescente pressão militar”, finaliza.

Veja o arsenal nuclear atual

  • Rússia – 5.449 ogivas
  • Estados Unidos – 5.277 ogivas
  • China – 600 ogivas
  • França – 290 ogivas
  • Reino Unido – 225 ogivas
  • Índia – 180 ogivas
  • Paquistão – 170 ogivas
  • Israel – 90 ogivas
  • Coreia do Norte – 50 ogivas